30.10.06
Mais valia terem estado quietinhos...
Assim sendo, foi com grande expectativa que me preparei para assistir ao 1º episódio da nova série “Diz que é uma espécie de Magazine”.
Bom, num esforço para ser meigo na apreciação diria que foi assim uma espécie de acto falhado ou se preferirem uma espécie de valente trampa, só se salvando os poucos sketches (especialmente o calceteiro lisboeta e o Salazar).O modelo dos 4 sempre em palco encadeando uma série de piadas mal alinhavadas tipo papagaios ensaiados é um bocejo só e o que dizer então do público ao vivo? Se era para isto mais valia terem ido para o Levanta-te e Ri. Já a participação de figuras convidadas (neste caso os Da Weasel) para servir de introdução a mais sequências de piadas forçadas e obrigatórios risos enlatados da audiência, é uma ideia que remete quase para o programa do Herman, o que como se compreende não é positivo.
Volta Lopes da Silva…?
27.10.06
20.10.06
Aborto. Ou IVG. Ou desmancho.
Hoje, 19 de Outubro do ano da graça de 2006, voltou a discutir-se o aborto na Assembleia da República. Aprovada a proposta do PS, rezam as crónicas que o referendo será lá para finais de Janeiro ou inícios de Fevereiro.
Raramente vi nos últimos anos um qualquer tema ser discutido duma forma tão apaixonada e, talvez por isso, tão repleta de imbecilidades várias como este tem sido.Desde as mulheres que solenes, altivas e autoritárias entendem mostrar o ventre com um “aqui mando eu” escrito, aos manifestantes ditos pró-vida que as classificam como assassinas e usam para dar maior dramatismo à acusação fotos de fetos com muitos meses como se tivessem algumas semanas. Sem esquecer aqueles que acham que tudo está bem assim, leia-se as ricas vão fazer o “serviço” travestido de viagem de compras a Londres e as pobres e remediadas ficam-se pelos vãos de escada mais próximos.Movimentos ditos pró-aborto, movimentos ditos pró-vida, no fundo tudo faces do mesmo maniqueísmo primário, cada qual invocando supostos direitos e supostas superioridades ético-morais, numa amálgama mal alinhavada de conceitos científicos, religiosos e sociais.
Desde que o mundo é mundo sempre existiu o aborto. Através do recurso a rezas, responsos, ervas, chás, comprimidos ou actos cirúrgicos, as técnicas de desmanchos foram-se modernizando, a par e passo com os progressos da ciência e os ditames das diferentes sociedades. A verdade é que independentemente da vontade de legislar e de regular a interrupção voluntária da gravidez, esta será sempre um acto profundamente individual (com ou sem apoio do parceiro) mas mesmo assim individual e até solitário. Sendo pragmático, diga-se que não se pode obrigar nenhuma mulher a levar uma gravidez não desejada ao seu termo tal como não se pode obrigar a uma interrupção da mesma.
Dizem alguns que a questão está na (irrespondível) premissa do “onde começa a vida”. No óvulo? No espermatozóide? Às 10 semanas? Às 16? Ou talvez só quando o feto adquire capacidade para ser viável no mundo exterior? Cientificamente falando acho lógica a conclusão de que a vida, tal como a conhecemos e aceitamos, começa com a formação do Sistema Nervoso Central, com uma mesmo que leve noção da existência duma consciência, da percepção do Eu ou até da capacidade de sentir dor. Como dizia outro dia o Albino Aroso, isto é razoável porque é exactamente o raciocínio que aplicamos para decretar a morte em casos duvidosos: há vida enquanto há algum tipo de actividade cerebral.
De qualquer forma não me parece que a questão seja esta, ou muito menos se as mulheres são ou não levadas a julgamento. Chamem-lhe crime, pecado ou direito, um aborto é algo profundamente indesejável tanto para uma só mulher como para a sociedade enquanto um todo. Julgo que a ninguém no seu perfeito juízo pode ocorrer usar a IVG de forma leviana ou como sistema de controlo de natalidade. Dito isto, chegamos aquele que é para mim o cerne da questão. Nem pílulas nem preservativos nem DIU’s nem coitos interrompidos ou métodos de medição de temperaturas garantem 100% de eficácia. Assim sendo, as pílulas do dia seguinte ou mesmo os abortos serão sempre uma realidade independentemente da lei, da religião, da moralidade, consciência social vigente ou até do país em que se viva. Como a decisão será sempre individual, então o drama é que um aborto possa ocorrer de forma clandestina, suja e perigosa, tanto do ponto de vista da saúde física como da saúde psicológica da mulher. Encaremos assim a questão de frente, para que quando uma mulher estiver na dúvida sobre o que fazer possa ter um acompanhamento médico, psicológico e social para apoiar qualquer decisão que ela vier a tomar (IVG, dar o bebé para adopção ou tentar criá-lo). É preferível, ou melhor, é necessário que tudo isto se passe à luz do dia, com profissionalismo, compaixão, informação e segurança.
Se sou a favor da vida? Claro (quem não é?).
Se punha algum dia em hipótese, dependendo do contexto, sugerir à minha parceira um aborto? Posso facilmente escrever um rotundo não, mas é mais real dizer que não sei.
Se acho que um aborto só deve ser encarado como uma solução de último recurso? Sim.
Se vou votar a favor da despenalização do aborto (e contra a clandestinidade e alguma hipocrisia)? Sim.
11.10.06
Lei das Finanças Locais
9.10.06
Em Lisboa, no dia 7 do 7 de 2007
...serão anunciadas as Novas 7 Maravilhas do Mundo. A New7Wonders Foundation, criada pelo suíço Bernard Weber em 2001, dedica-se à divulgação e preservação de monumentos mundiais e 2 200 anos depois da eleição das 7 maravilhas do Mundo Antigo, propôs-se organizar uma nova escolha desse género.
A votação é aberta a todos os cidadãos do mundo, podendo ser feita por telefone ou pela net. Há 21 monumentos seleccionados (desconheço quem os escolheu e os critérios seguidos), incluindo alguns cuja presença é muito discutível, mas a verdade é que não é nada fácil escolher apenas sete.
Fica o desafio e já agora a escolha que fiz (a ordem é aleatória...): -Grande Muralha da China, Pirâmides de Gizé, Coliseu Roma, Torre Eiffel, Petra, Pirâmide Chichén Itza, Acrópole Atenas.
2.10.06
ADSE.
-O Governo veio há dias anunciar esses mesmos aumentos (de 1 para 1,5% para os funcionários no activo) e a novidade dos trabalhadores já reformados também contribuirem. Parece pouco e provavelmente não evitará que as contas da ADSE continuem no vermelho, mas é um passo justo na mais que lógica harmonização do sector público e privado.
-Depois de anos a levar com a retórica da direita (supostamente mais liberal) acerca do excessivo peso do Estado, acerca da sua autofagia só para se manter a funcionar, confesso que é com alguma incredulidade que ouvi Marques Mendes criticar esta medida. Como se isto não fosse suficiente, ainda tive hoje o duvidoso privilégio de ler Luís Delgado a qualificar esta medida governamental como uma "taxa injusta e inédita em termos de justificação."
Ora meus amigos, se um governo PS e um colunista ex-PCP são o expoente liberal da sociedade e o PSD e um colunista pró-direita, pró-Santana, pró-Bush, etc... ficam do mesmo lado da barricada que Carvalho da Silva ou Bettencour Picanço, então há que dizer que o mundo está mesmo ao contrário.