15.1.06

Desabafos


Levante o dedo quem nunca tenha ouvido uma mulher (qualquer uma e de qualquer idade) invocar as dores específicas inerentes à condição de fêmea como argumento major para se afirmar como membro do sexo verdadeiramente forte. São as contínuas sessões de depilação, é o período, é o dar à luz, etc...
Normalmente a única coisa válida que nós, nobres portadores do cromossoma y, temos para contrapor é o temido momento de ficar com a pila presa no fecho éclair, o que é de tal forma doloroso que levou inclusivamente à invenção dos fechos com botões.

Mas eu posso acrescentar outro item a esta nossa curta lista de horrores: ir comprar roupa!! É a minha definição pessoal de Inferno e fujo disto como o diabo da cruz ou como o Sócrates do Soares.
Para início de conversa confesso que desisti há muito tempo de comprar roupa sozinho. É inútil e constitui um risco. Chego a casa, mostro o que comprei e logo vem aquele olhar assim meio de ladeira e com um leve encolher de ombros que me faz logo pensar Porra, é melhor tentar devolver esta merda...

E nas lojas propriamente ditas? Começo por aqueles cubículos que não raras vezes não impedem a desnecessária exposição das nossas flácidas carnes a quem mais esteja no local. Continuo com os enormes espelhos que não nos permitem fugir à nada. Vê-se tudo. Porra, olha a borbulhona nojenta a querer nascer no queixo. Porra, estou a ficar gordo. Porra, estou mais careca. Porra, vesti umas meias com buracos...
Depois temos ainda o pesadelo conhecido como as empregadas das lojas. Sempre tão amáveis.

(imagem a voz solícita e gordurosa, normalmente acompanhada da típica postura de mãos unidas atrás das costas): Ai que bem que lhe fica. Ai que é a sua cara. Ai deixe-me só marcar-lhe o cós com alfinetes...E o melhor é o tratamento personalizado. O jovem quer ajuda? O jovem precisa de algo? Está tudo bem, jovem? Sem esquecer o também imortal tratamento por menino, ou melhor, O menino...
Cheira-me que mesmo com cabelos brancos e os dois pés para a cova ainda vou ter alguém a chamar-me O menino.


Para não ser mais uma vez acusado de ver sempre o copo meio vazio, deixo para finalizar um elogio e um sincero obrigado ao Sr. Levi Strauss, que inventou a única peça de roupa que me dá sempre a sensação de ter sido feita a pensar em mim e que me serve sem ser preciso apertar, encurtar, embainhar e outras coisas tais.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois meu menino! Tens sorte.
Eu comprei umas gins por mil paus e tive de gastar mil a subi-las 10cm.
Eu não escolho. Uso!
Deixumiiiiir! Suaaaaaave!
Vamos às compraaaaasssssssss!
É por grosso!!!!! Uma vez ao ano!!!
Camisa!!! calça!! meia, camisa, gravata, meia e se houver ... sapato!!! tudo a dizer!!!!

Depois em casa, à hora da saída misturas tudo! a camisa deste anos com as calças do outro, o casaco escuro com as meias claras e se não estiver bem vais ver que passa! Agora se criares um estilo e tiveres um estalão!! aí meu "menino" uma malha caída vai ser notada