-Li há algumas semanas na coluna de opinião que Vital Moreira mantém no Público um artigo (sem link) em que este se insurgia contra o enorme buraco nas contas da ADSE, propondo como solução mais justa o fim deste sistema de assistência (ou em alternativa um aumento nas contribuições dos seus beneficiários directos que permitisse tornar a ADSE auto-suficiente).
-O Governo veio há dias anunciar esses mesmos aumentos (de 1 para 1,5% para os funcionários no activo) e a novidade dos trabalhadores já reformados também contribuirem. Parece pouco e provavelmente não evitará que as contas da ADSE continuem no vermelho, mas é um passo justo na mais que lógica harmonização do sector público e privado.
-Depois de anos a levar com a retórica da direita (supostamente mais liberal) acerca do excessivo peso do Estado, acerca da sua autofagia só para se manter a funcionar, confesso que é com alguma incredulidade que ouvi Marques Mendes criticar esta medida. Como se isto não fosse suficiente, ainda tive hoje o duvidoso privilégio de ler Luís Delgado a qualificar esta medida governamental como uma "taxa injusta e inédita em termos de justificação."
Ora meus amigos, se um governo PS e um colunista ex-PCP são o expoente liberal da sociedade e o PSD e um colunista pró-direita, pró-Santana, pró-Bush, etc... ficam do mesmo lado da barricada que Carvalho da Silva ou Bettencour Picanço, então há que dizer que o mundo está mesmo ao contrário.
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3 comentários:
Acerca deste tema, eu tenho a dizer que a o Governo actual não tem tido a capacidade de actuar, de modo equilibrado.
Há matérias, com muito maior prioridade, onde o Governo tinha obrigação de mostrar a sua vontade de moralizar a vida nacional.
Em primeiríssimmo lugar, deveria acabar com a escandaleira das reformas principescas, a personalidades que deveriam ter respondido pelo mal que fizeram ao País, levando-o à situação em que hoje se encontra.
Em segundo, ou em paralelo, deveria acabar com as nomeações para cargos directivos de personalidades sem a mínima competência para o exercício das suas funções, apenas porque são do mesmo partdo político ou porque são amigos ou parentes de governantes.
Em paralelo, ainda deveria acabar com Organismos que não são mais que duplicados de outros já existentes.
(Acerca disto, eu vou até enviar-lhe um e-mail que recentemente recebi, o qual não anexo aqui, por não saber fazê.lo)
Com grande prioridade deveria privilegiar os Organismos de criação de riqueza, alguns dos quais deveriam estar a cargo do Estado, por as empresas privadas se não mostrarem muito interessadas em actividades de risco elevado, essenciais ao País e com resultados seguros, a longo prazo. Cito como exemplo o estudo do território, essencialmente com vista ao aproveitamento dos nossos recursos minerais, entre os quais também incluo as águas subterrâneas, em que o País é mais rico do que se julga.
Relativamente ao tema que comentou, afigura-se-me que a saúde dos portugueses deveria constituir uma preocupação fundamental do Estado, tanto na prevenção das doenças como no seu tratamento .
Lembro que a Constituição estabelece que os serviços de saúde devem ser tendencialmente gratuitos. Já passou tempo suficiente para eles se terem tornado totalmente gratuitos.
Pesoas física e mentalmente sãs produzem mais e melhor.
Nós não somos inferiores aos estrangeiros, tantas vezes citados como nais capazes. Eles tiveram a capacidade aproveitar melhor os cérebros mais privilegiados.
Os impostos que pagamos deveriam ter tudo isto em conta, mesmo que sejam elevados, desde que todos paguem e o Estado demonstre que faz criteriosa administração desse dinheiro que é de todos nós e não dos que o usam, como se fosse deles.
Concordo em grande parte com o seu raciocínio, mas relembro que o óptimo é inimigo do bom, ou seja, não é por haver várias áreas em que o Governo devia actuar melhor que devemos deixar de valorizar aquilo que de bom (ou razoável) está a ser feito.
Em relação à saúde, a Constituição garante o direito de todos ao SNS. A existência continuada (e apoiada pelo estado) de sub sistemas como a ADSE, ou aqueles específicos para advogados e jornalistas (por ex...) é na minha opinião um erro e uma injustiça.
Quando me referi à saúde, abrangia obviamente todos os cidadãos, sem privilegiar os funcionários públicos ou quaisquer outros Grupos ou castas.
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