23.12.06

A mulher do ano.



Pode até parecer a algumas almas mais sensíveis que há um certo exagero no epíteto atribuído à personagem, mas a realidade é que “Carolina” como agora lhe chamam os portugueses teve um impacto na vida mediática lusitana só comparável ao dum elefante numa loja de porcelana.
Façamos, como se impõe, uma curta retrospectiva para melhor contextualizarmos a situação:
andava a dita cuja algo perdida entre as danças nos colos e nos varões quando Pinto da Costa, inebriado pelos calores nocturnos e provavelmente sob os efeitos secundários do comprimidinho azul (o melhor amigo do homem a seguir ao cão), se convenceu que aquela gata borralheira trabalhadora e boazinha era a mulher da vida dele, digna inclusivamente de ser apresentada a sua excelentíssima e soleníssima santidade il Papa.
Como sempre acontece nos contos de fadas, tudo correu na santa paz do senhor até que os efeitos do encantamento terminaram e a realidade, nada incomodada com a crueldade que às vezes a caracteriza, interrompeu o idílio amoroso dos improváveis pombinhos. Com direito a capa nas revistas cor-de-rosa e a entrevistas televisivas, veio Carolina com olhinhos de sabujo alemão gritar aqui d’el rei que tinha sido maltratada e mostrar, com estudada pose de mulher indefesa, as nódoas que provavam a negra e vil agressão. Estão as coisas mais ou menos neste pé quando sai do prelo o famoso “Eu, Carolina”, abrindo literalmente a caixa de Pandora. Por entre relatos das liberdades gasosas a que o seu Giorgio se prestava, ficamos também a saber acerca do café e dos chocolatinhos para os árbitros e do rocambolesco episódio do ataque ao vereador Bexiga. Findemos então a retrospectiva, aliás por demais conhecida e assim sendo quiçá desnecessária, e passemos a analisar os dados em questão.

Diz a apostólica e católica Igreja Romana que para um indivíduo alcançar o famigerado estatuto de Santo é forçoso que as competentes entidades especializadas na difícil tarefa da certificação de milagres declarem que tal indivíduo realizou pelo menos 3 destes mais pios dos actos e, dictum e factum, teremos Santo na costa.
Pois bem, eu, vil ateu ignorante nos caminhos e desígnios do Senhor e dos seus autorizados representantes, alvitro destemido, deixando à consideração da vossa superior análise que a dita Carolina já fez méritos mais que suficientes para cumprir tão apertado critério. Senão vejamos:
- é ou não um portentoso milagre mudar do estatuto de alternadeira, a gata borralheira, a namorada, a companheira, a noiva, passando novamente a reles rameira e finalmente a dilecta discípula de S. Jorge, matador de dragões?
- é ou não um portentoso milagre transformar em leitores compulsivos milhares de pessoas que anteriormente só exerciam essa capacidade nas legendas de filmes ou rodapé de telejornais?
- é ou não um portentoso milagre devolver, tão de acordo com o espírito da natalícia quadra, a alegria e a esperança a 6 milhões de portugueses?
- é ou não um portentoso milagre conseguir, no meio dos nebulosos meandros da justiça à portuguesa, ressuscitar de uma penada um processo que parecia moribundo?
- e finalmente, é ou não um assombro milagroso digno de divino registo fazer com que o indivíduo que reconheceu ter mandado agredir a apontasse como exemplo da atitude cívica?

Conclua-se à já longa epístola dizendo que Pinto da Costa ignorou sugestivos exemplos como os de Eva, Medeia, Dalila ou Lucrécia Bórgia, avaliou muito mal o perigo do errado manuseamento da dita Carolina e corre agora o sério risco de pagar por esse tão primário dos pecados, curiosamente às mãos de outra mulher.
Esperemos pois, com paciência de Jó, pelas cenas dos próximos capítulos.

8 comentários:

Anónimo disse...

Carolina, Carolina,
Que agora santa já és,
Tu eras linda menina,
Mas levaste com os pés

Isso ás santas não se faz!
Se errou a Madalena,
Com acções não menos más,
Também és digna de pena

wolverine disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
wolverine disse...

Poeta de trazer por casa,
Ber latinus tem nome antigo,
Todas as rimas ele arrasa,
Porque só olha pró umbigo.

Anónimo disse...

Não vi a necessidade
De lembrar que o Ber Latino
Já tem uma certa idade,
Já não é nenhum menino.

Não percebi a razão
do desvio do seu tema
Que fez tanta sensação
E fez com que o Pinto trema.

Se a Carolina é santa
Ela só a si o deve!
De uma pureza tanta
Duvidar ninguém se atreve.

Meu umbigo aqui chamado,
Acho muito deslocado.
Julgo não ser sequência
De assunto tão delicado

Futebois são coisas sérias
Disso tenho consciência
Se a brincar disse umas lérias
Invoco a sua paciência

Com tais coisas não se goza
Fiquei agora a saber
A santa da sua prosa
Nunca se deve ofender

Eu aqui peço perdão
De todo o mal que lhe fiz
De tamanha ingratidão
Só me safei por um tris!

Suportei muitas doenças
Foi grande o meu sacrifício
Mas agora estas sentenças
Causam maior malefício.

Anónimo disse...

Eu não vou em RIMAS!
Fátima, Futebol e Fado!

Fátima é o que se sabe, mas estrebucha e CRESCE!
O Futebol nacional estrebucha e cresce!
O Fado aguarda o próximo surto de Nacinalismo, que antevejo para breve!

Todos os povos têm os deus atavismos:
Os Chineses parecem que ficam gamados no Jogo de Casino!

Europeus e sul-Americanos vao à bola!

Também não devemos ser muito diferentes de italianos e de alguns outros latinos que procuram no desporto das massas a oportunidade de arrotar alto a sorte de negócios escuros que lhes colaram milhões às mãos !

São Berlusconis, Gil e Gils, a procissão dos presidentes do Benfica, Majores, Pintos e quejandos!

Eu não acredito em sucesso em Portugal, dentro da lei!
Dentro da lei é possível viver bem! mas é impossível essa margem de desafogo que essa gente mostra!
Esse dinheiro que lhes brilha na auréola, cheira a tudo menos a honesto!

A Carolina, contou ou irá contar o que suspeita ter percebido, mas a pobre, de certeza, percebeu pouco e turvo e como tal não deve ter outra prova senão a da sua palavra e como para acusar é necessário deter provas irrefutáveis, os visados irão esgrimir versões diferentes e tudo ficará parecido, até haver alguém do bas-fond que lhes sugira a saída de cena para lá meter outros iguais.!

Isto porque o Futebol é mais importante que o país onde isto se passa e até que a Espanha e a Itália juntas!

Vivó Futebol!!!!!!

wolverine disse...

Mal? Nenhum me fez!
Ber Latino é boa gente,
Prova-o uma e outra vez,
Até enquanto padecente.

Surpreende-me o seu incómodo,
Em que lhe fale do umbigo,
Tome a parte pelo todo,
E creia-me um seu amigo.

Abraços

wolverine disse...

Já Folha Seca é lapidar,
E até faz de vidente,
Leva meio século a ensinar,
O padre nosso à gente...

Anónimo disse...

Este seu admirador
Suas rimas aprecia;
Mas na prosa, sem favor,
Não há melhor, hoje em dia.

Tem um tema favorito,
A que não pode escapar;
Se muito foi escrito e dito,
Tem sempre algo a acrescentar.

A Carolina e o Pinto
Estão agora na berra;
Sobre isto tudo o que eu sinto
É que vai mesmo haver guerra.

Eu quero ficar de fora,
Continuar seu amigo;
E o que lhe digo eu agora
É que já nem tenho umbigo

Não posso p'ra ele olhar,
Já que ele se sumiu.
É um caso de pasmar,
Como nunca antes se viu.

Amigos como o André
Não são fáceis de encontrar;
Sinto-me orgulhoso até
De assim poder falar