9.2.07

Adivinhar o futuro.

Há quem use búzios, ou cartas, ou folhas de chá no fundo duma chávena. Há quem procure ler as estrelas, os alinhamentos cósmicos, ou as palmas das mãos. Também há adivinhos de bolas de cristal, consultores de espíritos, invocadores de oguns, xóguns e outros que tais. Tudo isto para responder a uma das nossas maiores angústias enquanto seres humanos: o futuro.
Saber de antemão os números do totoloto acarreta um aumento significativo da probabilidade de acertar. Conhecer o resultado final de um jogo de futebol pode fazer maravilhas para diminuir o stress e evitar o recurso aos mais coloridos dos vocábulos do dicionário. Divisar logo pela manhã que um dado dia irá incluir sexo permite escolher a melhor cueca, deixando de lado os slips desbotados pelo selo e com o elástico já gasto, e as meias com o buraco no dedão. O mesmo tipo de prevenção que um tipo pode exercer se souber de fonte segura que mais logo pela tardinha vai parar ao hospital.
Por outro lado, e como é comum num mundo cada vez mais falho de crenças e de fé, há também aqueles que por notória falta de imaginação e de criatividade pura e simplesmente não acreditam em nada, muito menos na possibilidade de prever o futuro. Vivem o momento, satisfeitos na tranquilidade que dá aceitar as coisas que não podem controlar. Usam quanto muito uma boa dose de bom senso (o que me parece algo pleonástico mas adiante) e um conhecimento mais ou menos pormenorizado dos acontecimentos passados como forma de adivinhar o porvenir. Tipos desta laia, apesar de se gabarem do seu estatuto de não crédulos, têm uma tal confiança nas suas capacidades dedutivas que frequentemente chegam a conclusões tão inabaláveis que numa demonstração testosterónica de fanfarronice e estupidez natural proclamam alto e bom som ser capazes de apostar um testículo nelas.
Eu por exemplo não preciso de ser a amiga Maya para apostar um dos meus referidos orgãos em que daqui a 7 anos Cavaco continuará a ser PR e o outro para alvitrar que pela mesma altura ainda estaremos a divergir da Europa nas estatísticas do economês.
Finalmente há ainda aqueles que dizem que o futuro a Deus pertence, mas não se eximem de tentar através de rezas e promessas condicionar o supremo arbítrio do divino.Aqui chegado, assalta-me a recorrente sensação de que como é costume voltei a cometer o pecado da divagação, a misturar alhos com bugalhos, enfim a perder-me um pouco nesta sensação de formigueiro libertador que me dá na ponta dos dedos quando estou entretido a escrevinhar alguma coisa.
Neste caso, o factor desencadeante foi este: duvido que qualquer bruxo, adivinho, crente religioso ou mesmo mero analista especialista de informática e estatística pudesse prever o sucesso que isto ia ter.

1 comentário:

Anónimo disse...

Para que serve um bebé ?
Há uns anos ouvi na rádio esta pergunta, relacionada com os inventos, pois frequentemente são efectuados sem fim determinado, mas tão-somente por assomos de curiosidade.!
A título de analogia: A Bakelite foi descoberta em 1907 por um químico de Nova York, Leo Baekeland , e uma das suas primeiras utilizações foi para substituir as bolas de bilhar em marfim que eram excessivamente caras.
Faz assim 100 anos o início dos plásticos.