17.2.06

Chover no molhado

Domingo de manhã, em todas as televisões do país, a Irmã Lúcia ou melhor dizendo o seu caixão. Mesmo cometendo o pecado de ser relapso e contumaz e porque a carne é de facto fraca não resisto a voltar ao tema. Ouço que perto de 250 mil pessoas estarão em Fátima para assistir em directo a este momento. Já imagino a poderosa imagem televisiva que 250 mil mãos a abanar o seu lençinho branco à passagem do cortejo transladatório (?) nos irão proporcionar. Já imagino até a possibilidade de rever aquele desaparecido, aquele ícone de todos os portugueses bem formados o artista anteriormente conhecido como Paulinho das feiras a reaparecer com o seu ar tão compungido quanto humanamente possível e talvez de lágrima não caída mas adivinhada ao canto do olho. Já se posicionam as barraquinhas para venda de medalhas e imagens comemorativas do evento, talvez até t-shirts a dizer eu estive lá.
Já passou 1 ano. Já foi chorada, lembrada e enterrada uma vez. Ninguém morre duas vezes. Se a irmã Lúcia escolheu, honra lhe seja feita, viver sempre de forma recatada, será necessário este exagero/histerismo mediático? Quanto dinheiro não ganhará com isto o santo Santuário? Mistérios da fé...

3 comentários:

Anónimo disse...

Não nos podemos esqueçer que a senhora foi uma vidente!
Eu que também já vi dente, embora menos que tu, não sou ninguém.

Anónimo disse...

Para o Folha Seca:
Não viste dente, mas viste doente e do que se trata é de doença ... da mente. Muito se mente neste país coalhado de hipócritas.

Anónimo disse...

Observei, vi, tentei compreender!
Impossível!
Não posso ficar indiferente a tão grande vazio, a tão grande exploração da ignorância, a tão grande falta de respeito por quem por força da vida crê na intervenção divina para dar razão às razões a que foi impelido a acreditar.
Estou chocado! Indignado! Incapaz de achar a mínima das razões para impelir aquele grupo de crentes a dar sentido à transferência de uns ossos em caixão XL com honras de enterro público de uma senhora que no início da sua vida foi presa num convento (como se de um criminoso se tratasse) e submetida a intensa lavagem cerebral a fim de se obter um discurso meio místico para dar resposta às necessidades de um clero que há falta de melhor se agarrou a uma história impossível!