O parlamento madeirense aprovou, através do voto da maioria absoluta do PSD, um requerimento no sentido de proceder "à avaliação das faculdades mentais" de um deputado do PS que denunciou publicamente a existência de um clima de corrupção e compadrio, responsabilizando os homens que estão à frente dos destinos da ilha há mais de 30 anos.
O chefe da bancada social-democrata, Jaime Ramos, um dos delfins de Alberto João, defendeu este requerimento dizendo que "quando há demência mental, tem de ser tratada".
Compreendo que graças à enorme lista de dislates e boçalidades de AJ Jardim e restante séquito, tudo o que politicamente falando vem da Madeira já não surpreende. Já todos vimos este filme vezes sem conta: líderes partidários assobiam para o lado, comentadores evitam gastar cartuchos e tempo de antena sempre a martelar na mesma tecla, até Presidentes da República encolhem os ombros e não comentam. Mas tem que haver limites. Não podemos pura e simplesmente ter chegado a um tal estado de indiferença e inércia que deixemos passar o que quer que seja, escudados no argumento de que não vale a pena lutar contra tais bovinidades.
Seria bom que não só a imprensa em geral, mas também Marques Mendes, Sócrates, Cavaco e principalmente Sampaio (em vez de se entreter a visitar os concelhos que lhe faltavam para dizer que esteve em todo o lado e a distribuir comendas a torto e a direito) se preocupassem com este ataque por delito de opinião, digno de um qualquer regime fascizóide.
Ou será que agora só nos preocupamos com a liberdade de expressão dos cartoonistas dinamarqueses?
3 comentários:
Afinal, Gedeão enganou-se. O sonho comanda a vida de alguns: mas o medo comanda a vida da maioria. O que se passa na Madeira é um pequeno exemplo. Por cá, tivemos a longa noite salazarenta e o 25 de Abril trouxe, à mistura com a liberdade, medos de variada natureza. Agora, temos o caso dos cartoons que levam alguns a recear o gérmen de uma terceira guerra mundial. Lembro-me bem das intimidações que Hitler usou e da "tolerância" da Inglaterra e da França. Não sei como a História classificou a submissão de Chamberlain e de Daladier, aos ditadores Hitler e Mussolini, no célebre tratado de Munique)
Como combater os medos? Só através de uma cultura séria da população, que a leve a acreditar nos Governos e a colaborar no sentido de a verdade ser respeitada, em todas as circunstâncias. Será isto utopia? Talvez! Mas seria bom que algo começasse a ser feito nesse sentido.
Como voltaste aos Cartoons eu não resisto a dar seguimento a um pensamento de hoje e que é:
Quando se joga um jogo, como por exemplo o xadrez, umas jogadas pressupõem outras, dependendo estas dos movimentos do adversário. Não raro é necessário mover peças que nos são importantes, mas que se forem sacrificadas irão desviar a atenção do adversário, do nosso grande objectivo que é o enfraquecimentoda defesa numa determinada área.
Eu não creio que os Cartoons tenham mexido significativamente na religiosidade fundamental. Acredito que se esteja a jogar um lance para procurar desviar a atenção e empolar ali, quando se quer progredir por acolá, e o acolá eu não sei, porque pode ser o nuclear iraniano, um petróleo qualquer, uma Coreia do Norte ou outra coisa que daqui a meses ou anos nos surpreenda.
Quanto ao AJJ:
O drama é que o homem é de facto representativo!
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