3.5.06



Estou muito longe de ser um melómano. Nem sequer tenho muito o hábito de assistir a concertos ao vivo. Mas influenciados pela paixão e pelo entusiasmo da minha cunhada H., eu e a A. (ou de forma mais cavalheiresca, a A. e eu) lá tirámos os rabos do sofá, deixámos o puto nos avós e fomos ver este grupo com nome de arma de assalto.

Para além das 2 ou 3 músicas que conhecia da rádio, não sabia bem o que esperar nem como catalogar o género musical. Para tentar evitar o post tipo lençol posso dizer-vos desde já que o concerto foi excelente e que, numa comparação necessariamente simplista, A Naifa está para o fado como os Gotan Project para o tango. Uma abordagem desempoeirada, com base electrónica, de poemas fora do comum, sussurados, falados e cantados por uma vocalista (Maria Antónia Mendes) que é um portento de voz e interpretação. Em relação aos restantes elementos do grupo, e confirmando as suspeitas que se foram avolumando ao longo do espectáculo, descobri no final que o baixista é o Aguardela, aquele tipo dos Sitiados (???) que parecia estar constantemente speedado, e o guitarra clássica é o Varatojo, o dos Despe e Siga (???), grupos não propriamente sinónimos de música de alta qualidade.

Ora, esta situação força-me a ponderar com mais cuidado a forma excessivamente crítica como olho para alguns performers da actualidade. Quem me pode garantir que daqui a alguns anos não estarei a assistir com gosto a um concerto do João Pedro Pais? Ou dos EZ' Special? Confesso que isto me inspira algum medo...

3 comentários:

Anónimo disse...

comparar o aguardela (ou mesmo o varatojo) ao jp pais parece-me, no mínimo, excessivo!!! aguardelas há muitas e esta é uma delas: http://attambur.com/Noticias/20013t/megafone.htm

Anónimo disse...

sim... cuidado... aguardela é claramente sinónimo de qualidade!!!
"Sucedendo a projectos pioneiros como a Banda do Casaco ou os Sétima Legião, o projecto (MEGAFONE) surge da vontade de cruzar a memória da música tradicional portuguesa (nas recolhas de Michel Giacometti e José Alberto Sardinha) com dinâmicas rítmicas electrónicas de facção dançante, como a house ou o techno."...!

wolverine disse...

bom, bom, calma, calma, não se enervem tanto.
A intenção do post não era comparar o aguardela e o varatojo ao jp pais, mas sim demonstrar a minha surpresa por ver que 2 tipos cujos projectos musicais anteriores (e atenção que me refiro só aos sitiados e aos despe e siga) não me eram nada apelativos, agora estão integrados num grupo inovador e de qualidade.
A referência ao jp pais e aos ez special só surge porque foram os nomes que me lembrei no momento para representar projectos musicais que presentemente me desagradam.