9.3.06

Um homem bom

Hoje é dia de posse. De entronização. É o começo de um novo ciclo e para muitos de uma nova (última?) esperança. Mas obedecendo às mais elementares leis da natureza, às quais por mais que inventemos nunca conseguimos fugir, para que algo novo comece algo velho tem de acabar. Neste caso, falo como é óbvio de Jorge Sampaio e dos seus 10 anos como Presidente da República. Como não tenho pretensões de originalidade neste balanço, já por muitos feito, dos prós e contras dos anos Sampaio, direi tão somente que o tempo mostrou que as prinicipais decisões pelas quais será lembrado, primeiro aceitar e depois "despedir" Santana Lopes, estavam certas e reforçaram o papel e a importância do PR.
Apesar de ter sido um personagem algo apagado e de ter falado demais (tantos discursos para quê? e era mesmo necessário publicá-los todos em livro?) sem grandes resultados prácticos, é forçoso dizer-se que o agora ex-PR é uma pessoa séria e que a forma serena como exerceu o seu papel fez com que pairasse acima da maldicência popular que atinge os políticos em geral.
Independentemente do que fez ou não fez, Jorge Sampaio é um homem bom e esse é o principal legado e imagem que nos deixa.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sem contestar a imagem de homem bom que nos deixou Jorge Sampaio, entendo que tínhamos o direito de esperar mais do exercício do cargo que aceitou desempenhar.
Foi no seu mandato que mais se ouviu falar da utilidade de uma instituição (Presidência da República, que pelo número de conselheiros, consultores, etc., até parece uma duplicação do Governo), quando os seus poderes quase sae resumem a uns recados, de vez em quando.
A meu ver, a nomeação de Santana Lopes, conhecidas como eram as cartacterísticas deste político, constituiu um erro gravíssimo, que fez perder imenso tempo tão necessário à recuperação do País, declarado em crise grave. E a demissão deste pecou por tardia ... quando o País já não aguentava mais tantos desvsrios.
Tanta bondade para Santana tornou Sampaio um banana. Para o País foi maldade, essa é a realidade.

wolverine disse...

caro ber latinus,
a verdade é que caso Sampaio tivesse optado por marcar eleições rejeitando a solução Santana Lopes, isso iria permitir a este último apresentar-se ao eleitorado na sua posição preferida, a de vítima. Além disso, e tendo em conta o estado deplorável do PS e a falta de crédito do seu líder de então, Ferro Rodrigues, o mais provável é que Santana e o PSD tivessem ganho essas eventuais eleições. E aí, a porca torcia mesmo o rabo, porque íamos ter que levar com o gajo durante uma legislatura inteira.

Anónimo disse...

Esse cenário era previsível, perante a "bondade" de Sampaio. Mas de um Presidente, verdadeiramente preocupado com os reais interesses do País, seriam de esperar medidas rígidas no sentido de a governação ser entregue a quem oferecesse garantias de a exercer cabalmente, com dignidade e eficácia, estando obviamente excluidos, tanto Santana como Ferro Rodrigues, este último já gravemente manchado não só pela sua pouco simpática apresentação pública, mas também pelas suspeitas, fundadas ou não, que sobre ele recairam no famigerado caso da Casa Pia.