16.12.05
Quem não sabe, é como quem não vê...
Outro dia no consultório uma senhora queria que eu dissesse, depois de olhar para a boca do marido, se ele tinha infecções (?). E também que escrevesse uma carta ao advogado (???). Demorei a perceber a situação. Eis, resumidamente, a explicação do insólito:
Porque estavam em processo de divórcio. Porque ele é homossexual. Porque ela tem medo que ele "pegue" alguma infecção à filha de ambos, que tem apenas 5 anos. Porque ela tinha em sua posse análises que mostravam que ele "não tem SIDA", mas mesmo assim queria que eu olhasse. E dissesse...
Estamos em 2005. Temos (há vários anos) uma comissão de luta contra a SIDA. Temos (há vários anos) campanhas de informação nas rádios, tv´s e jornais. Debates e entrevistas. Outdoors em rotundas e posters em autocarros. Temos (há vários anos) a internet ou até enciclopédias onde se pode ler sobre a epidemia em questão. Temos linhas telefónicas de apoio. Temos séries, filmes, provavelmente até novelas que já abordaram este tema.
E ainda temos pessoas que acham que a SIDA se vê pela pinta, se nota à vista desarmada. Se cheira. Pessoas que não fazem a mais pequena ideia de como ela se propaga.
Tanta ignorância e tanta falta de informação são graves. E muito perigosas. Pelo menos tanto como o vírus em si.
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