Se há coisa em que nós portugueses somos pródigos, é na facilidade com que elevamos algumas figuras públicas à qualidade de deuses e de orgulho-mor do reino. No futebol então, isso vê-se de forma dramática. Basta ir jogar lá para fora, ter algum talento e ir marcando uns golitos para logo ser cognominado como um Eusébio dos tempos modernos. Se a isto se aliar um corpinho jeitoso e uma carinha laroca, temos ainda as revistas cor-de-rosa a juntarem-se à festa.
A nova coqueluche lusa, Cristiano Ronaldo, é um destes casos. Não digo que não seja um grande jogador e que não tenha potencial para se tornar num fora-de-série, mas até lá chegar ainda terá que pedalar muito. Sim, sim, já sei que é genial, que é imprevisível, que leva o Gabriel Alves às portas do orgasmo, que rebéubéu pardais ao ninho,etc e tal...mas é também muito inconstante, é exageradamente individualista e a avaliar por algumas das opções de jogo que toma dá às vezes a sensação que deve achar que está no circo a entreter a maralha ou na arena com o touro.
Dito isto, admito que deve ser difícil ter 20 anos e ganhar milhões. Deve ser difícil ter as objectivas dos media continuamente apontadas. Deve ser difícil estar no cimo do pedestal e ser um ídolo. Mas há coisas que não se admitem, nem a uma criança mimada. O comportamento de Ronaldo ontem no estádio da luz foi mau de mais para ser verdade. Ele protestou, ele amuou, ele mostrou o dedo (e logo o do meio...) e para culminar em beleza ainda cuspiu (ou melhor, escarrou mesmo) ostensivamente em direcção aos adeptos do Benfica.
No final, e mesmo já de cabeça fria, nem desculpa nem sorry.
Não duvido que o inenarrável Dr. Madaíl e aquele gajo que não se dá ao trabalho de ver jogos ao vivo, que trabalha uns dias por trimestre, que ganha 40 ou 50 mil contos por mês e que ainda tem a lata de se dizer descriminado, hão de vir à liça parafrasear o Gato Fedorento (ah e tal, porque a malta é jovem...) e desculpabilizar o moço, mas a verdade é que temos aqui uma bela vedeta com tiques de diva pós-menopaúsica.
P.S.- para evitar estas situações de endeusamento precoce dos jovens jogadores, seria bom que de uma vez por todas se aceitasse o facto de que Pantera Negra só houve...três: o Eusébio, o Akwa e o deixem jogar o Mantorras.
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