4.11.05

Onde se volta a falar de Rui Rio

Surge este post (ou postagem na língua daquele famoso zarolho) como sequência dos anteriores em relação a Rui Rio (RR) e como resultado dos comentários que suscitaram.

A análise que se pode fazer do mandato findo é na minha opinião (o que tendo em conta que sou eu que estou a escrever constitui uma clara redundância...), francamente negativa. Logo à cabeça, se se perguntar a qualquer cidadão, portuense ou não, o que foi mais marcante na presidência de RR a resposta maioritária será a polémica do plano de pormenor das Antas, eventualmente seguida pela preocupação real mas também muito marketizada (?) com os bairros sociais e pelo faraónico circuito automóvel da Boavista.

Acho que deve existir uma relação transparente entre as câmaras e o mundo do futebol, e que aquilo que se passou nos mandatos PS de F. Gomes e N. Cardoso foi desde logo um mau exemplo (falta ver se as investigações policiais acrescentam algo mais substancial...) Mas parece-me que nos últimos anos em Portugal o verdadeiro campeão na arte de utilizar o futebol como meio de promoção política é ... o Dr. Rui Rio!! que percebeu desde cedo que posicionar-se como arauto da moral e dos bons costumes contra a tribo futeboleira lhe poderia granjear fama de incorruptível. Em relação ao plano das antas, RR conseguiu dinheiro para a Srª Laura e respectiva associação (sem que se tivessem observado efeitos positivos deste facto) correndo ainda o risco de, como já referi em post anterior, ser agora processado pelo arquitecto/autor por ter permitido alterações ao projecto que vão na direcção contrária daquilo que tão afincadamente combateu há uns anos.
Em relação às restantes áreas temos um redondo zero à esquerda na politica cultural, uma mão cheia de nada na reabilitação da baixa e um programa que ultrapassa as fronteiras da demagogia na suposta irradicação/recuperação dos incaliptos tb. chamados de arrumadores...
Como aspecto positivo saliento a tentativa de acabar com os guetos socias. Se outros houve, eu na minha óbvia parcialidade não os vi, mas convido-vos a mencioná-los...

P.S.- Já agora, não será estranho que um homem tão impermeável aos lobbys e tão vaidoso da sua atitude de cortar a direito em relação à mafia futeboleira, tenha como grande aliado politico local aquele baluarte cívico e moral que dá pelo nome de major Valentim Loureiro? Porque será que RR contribuiu para que seja o major o presidente da junta metropolitana do Porto? e da metro do Porto? E será que vai voltar a apoiá-lo para estes lugares? E o que pensa disto Marques Mendes? E a imprensa "lisboeta", que tem em RR um verdadeiro herói, fala destas coisas?...

2 comentários:

Anónimo disse...

...e quanto aos bairros sociais, destrui-los não evidencia qt a mim uma magnifica politica de intervenção social! a ausencia de estratégia é clara, e sendo assim o que se constroi, destruindo-os, são os mesmos problemas mas noutros locais (que já não eram claramente espaços exemplares!...sugiro visita a www.nobairrodoaleixo.blogspot.com)

Anónimo disse...

VERGONHA

acerca do tema da "postagem original" o que se pode dizer...

ao longo destes últimos quatro anos viu-se no Porto um desfile de vaidades e teimosias pouco dignificantes quer para a cidade, quer para quem nela vive. penso inclusivamente que a questão do P. P. das Antas foi das medidas tomadas, uma das mais acertadas. embora, se ao nível do seu conteudo poderia ter algum fundamento, a forma de como se desenrolou todo o processo foi sem dúvida lamentável, (e todos sabemos como na política a forma é muito importante e às vezes decisiva). O que me admirou nesta questão foi que as intransigências iniciais foram rapidamente ultrapassadas com um cheque de 5 milhões de euros passados em nome de uma tal Laura Não-sei-o-quê com uma lojeca na baixa. Há uns tempos atrás quando lhe perguntaram o que estava a fazer com o dinheiro, respondeu que iam começar a recuperar um prédio na baixa para a sede da associação dos comerciantes ( por acaso quem está encarregue dessa obra é um filho dela que é convenientemente arquitecto).Para vos ser sinsero esperava ver o nome da referida senhora num dos pelouros da actual câmara. Isto para ser congruente com o nível de pessoas que põe à frente dos pelouros camarários. Lembro-vos que durante 2-3 anos esteve à frente do pelouro do urbanismo o arq. Ricardo Figueiredo, capaz de cuspir bolas de fogo nos entrevalos de sesta feita religiosamente no seu gabinete, depois dos etílicos almoços. diz-se que tinha a planta do Porto pendurada numa das paredes do seu gabinete, mas ... ao contrário ( o Norte para baixo).
Além destes houveram muitos outros episódios capazes de desencadear um esgar e um pequeno franzir de sobrolho: (sem estarem por ordem cronológica)
- a questão com o túnel de Ceuta ( rui versus (forças malévolas) ministra da cultura/IPPAR
- Fetiche das corridas na circunvalação - acontecimento que mais dinheiro gastou durante o mandato
- demissão do pianista e ideólogo da Casa da Música Pedro Burmester
- ausência de política cultural
- ausência de política social
- paragens dos processos de construção na câmara.
- a falta de liderança na junta metropolitana do Porto
- a falta de projectos e estrategias para o Porto, enquanto cidade ancora do noroeste peninsular( 7 milhões de pessoas)- com os eventuais investimentos inerentes a esse estatuto

enfim... o homem foi eleito... mas a fátima também foi.

Biba a limitação de mandatos.