Os EUA e a religião

Nos últimos tempos têm surgido com cada vez maior frequência notícias que dão conta de uma nova polémica interna no seio dos EUA. Não surpreenderá ninguém que esta polémica tenha a ver com religião. Desde que George W. Bush, um cristão renascido, foi eleito presidente temos assistido a um aparentemente imparável movimento pró-religioso que tenta influenciar quase todos os aspectos do dia-a-dia do cidadão comum. Temas como a abstinência sexual pré-casamento, a monogamia, as campanhas anti-direito à IVG, as orações nas escolas, a moralização da programação televisiva, etc... fazem parte desta agenda conservadora. Recentemente surgiu uma nova frente de luta motivada como não poderia deixar de ser pelo fanatismo de alguns dos líderes dos diversos grupos religiosos. O combate é agora contra a teoria da evolução de Darwin (TED), (que segundo George W. Bush ainda não é totalmente aceite na comunidade científica).

Há neste momento cerca de 19 estados norte-americanos com processos de natureza jurídica ou legislativa relativos à introdução no sistema de ensino de teorias que contrariam a TED,com a justificação de dar aos jovens possibilidade de escolha.
Há quem continue a defender a teoria do Creacionismo, que entre outras pérolas usa como argumento a ideia de que tudo o que a ciência/ darwinismo não consegue explicar constitui prova da existência de um Criador. Olhando para o Livro do Génese como a verdade absoluta relativamente às origens da vida, estes opositores do Darwinismo postulam também que se o evolucionismo fosse verdade então os filhos de grandes atletas ou grandes mentes também o seriam, pela passagem dos genes vencedores da selecção natural. Como o filho de Michael Jordan não é um fabuloso jogador de basquetebol e como nenhum kennedy foi tão genial como o John Fitzgerald, concluem que a TED está errada. Apresentam como explicação para o aparecimento de indíviduos especialmente dotados um determinado e favorável alinhamento cósmico aquando do nascimento. Para além de tudo isto, e citando um líder religioso da cidade de Dover, Pennsylvania, "o ensino da teoria da evolução leva ao ateísmo".
Em toda esta confusão, o "new kid on the block" é sem sombra de dúvida a teoria do Desenho Inteligente (DI). Resumindo, digamos que aplicam uma antiga teoria muçulmana que diz que o que quer que começe a existir tem que ter uma causa. Logo, se o Universo começou a existir, tem que haver uma causa (passe a repetição...). A ideia por trás desta teoria é que não só a simples complexidade da vida "pede" um arquitecto original, mas que a própria biologia, nomeadamente a informação contida no ADN, mostra a necessidade de um ente superior a manejar os cordelinhos porque é preciso inteligência para produzir este tipo de informação.
O que é mais assustador para aqueles que acreditam na Ciência, no big bang e nos "macacos" de Darwin é que esta polémica vai dando os seus frutos. Segundo um estudo conduzido por um professor de Biologia da Universidade de Minnesotta, 40 % dos professores de biologia dos liceus não ensinam o evolucionismo seja porque este não é bem aceite nas suas comunidades seja porque não acreditam na teoria.

É caso para dizer: Cristo vinde cá abaixo ver isto...