Tortura...

O Washington Post, um dos mais conceituados jornais norte-americanos, (presumo que insuspeito de ter motivações tipo anti-americanismo primário) publicou recentemente uma reportagem denunciando que os EUA têm um sistema secreto de prisões espalhadas pelo globo (conhecidas pelo nome de black sites) em locais como a Tailândia, Afeganistão e ,pasme-se, em alguns países da Europa e mesmo da UE, para além da já sobejamente conhecida base de Guantanamo, Cuba.
Estas prisões seriam usadas para "colocar" indíviduos suspeitos de ligações terroristas, sem culpa formada e sem direito a defesa legal, e sujeitá-los a sessões de tortura. Se dúvidas havia, elas foram dissipadas pelo comportamento do Vice-Presidente Dick Cheney, que num esforço para combater uma proposta do conhecido Senador Republicano John Mccain (antigo prisioneiro de guerra no Vietname) segundo a qual a tortura devia ser banida das prácticas de qualquer força de segurança americana, terá dito que a ser aprovada, esta proposta custaria milhares de vidas (norte-americanas, está bom de ver...)
Este modus operandi da administração Bush não é novo. Desde 2002 que os EUA se recusam a aplicar a "Convenção de Genebra" aos taliban capturados no Afeganistão, numa linha de acção que se caracteriza pela ideia que os fins justificam os meios.
Um país que se acha no direito de torturar alguns dos seus prisioneiros (e que se calhar por isso se recusa a aderir ao Tribunal Penal Internacional) e que, com base em factos comprovadamente forjados, adoptou a guerra como forma de exportar a democracia, só contribui para esbater a grande diferença que nos devia separar a nós (mundo Ocidental, supostamente civilizado) dos terroristas e da sua barbárie.