Este é, na minha modesta opinião, o homem português do ano de 2005.
Assim de cabeça e ao livre correr da pena digamos que: começou por domesticar, com habilidade e promessas de regresso ao poder, aquele horrível polvo que dá pelo nome de aparelho socialista, garantindo assim a sua eleição para secretário-geral. Obteve a maioria absoluta nas legislativas de Fevereiro (se bem que aqui o mérito será também do Santana Lopes). Antes de completar o 1º ano do seu governo já alterou (e bem) a sacrosanta idade de reforma, acabou com (alguns...) privilégios dos titulares de cargos públicos, aumentou os impostos esquecendo as promessas, demitiu um ministro das finanças com boa imagem e arranjou outro mais de acordo com as "grandes obras públicas" tão apanágio das governações socialistas, comprou (e bem!!) guerras com alguns dos lobbies históricos do país (farmácias, sindicatos da funcão pública, juízes, etc...), mudou 3 vezes!!! de coordenador do famoso Plano Tecnológico que parece arrancar em câmara lenta, decidiu (após anos e anos de intermináveis estudos) avançar com a OTA e o TGV tentando convencer os mais incautos da bondade dos projectos e de que tudo se fará quase só com recurso a dinheiros privados (diga-se que ambas as premissas são no mínimo duvidosas...) , conseguiu um bom acordo (apoiado pelo nosso atraso e proverbial especificidade) na última cimeira da UE relativa às verbas comunitárias para o período 2007-2013, resolveu de uma penada (e passando por cima da própria ministra) a questão da fundação da Casa da Música e da colecção Joe Berardo, colocou amigos e correligionários em altos lugares do Estado e empresas participadas, não se deixou ficar atrás de Blair e Bush e fez também ele uma visita surpresa às nossas tropas, atacou com aparente determinação a questão do défice e da fraude fiscal, apresentou um Orçamento de Estado elogiado por vários quadrantes políticos, etc...
Despertou alguns ódios e paixões, mexeu em sectores para os quais se reclamavam reformas há vários anos, não deixou ninguém indiferente. Recuperou um estilo autoritário (a roçar o quero posso e mando) que relembra os anos Cavaco, o que após anos de governação ora mole (Guterres), ora inconsequente (Durão), ora peri-patética (Santana), teve pelo menos o mérito de voltar a dar a sensação de que há alguém ao leme da nau.
Se nos vai ou não levar a bom porto é assunto a avaliar nos próximos anos.